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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Trajetória da Geografia - Campos de estudos


Textos de referência: 

A trajetória da Geografia como ciência escolar teve início ainda no século XIX. Em 1837, a Geografia foi implantada como disciplina escolar obrigatória pela primeira vez no Brasil, fato que aconteceu no Colégio Pedro II (Rio de Janeiro). O principal objetivo de instituir tal ciência era a capacitação política de uma camada da elite brasileira que pretendia se inserir nos cargos políticos e nas demais atividades relacionadas.

Por volta do ano de 1900, a ciência se consolidou nas escolas de praticamente todo o território brasileiro. A principal característica desse momento era a disseminação da ideia de se conhecer os aspectos naturais regionais, com o intuito de criar no estudante um sentimento de patriotismo.



Cinco anos mais tarde, em 1905, foi lançado o livro Compêndio de Geografia Elementar (de Manuel Said Ali Ida). Nesse trabalho o principal foco era a abordagem do Brasil de maneira regionalizada, com intuito de conhecer melhor os aspectos regionais do país.

Em 1934, a Geografia chegou às instituições universitárias, pois o curso foi implantado na Universidade de São Paulo. O quadro de professores era formado por docentes de tendências tradicionais, influência da escola francesa.

No ano de 1966, Yves Lacoste publicou sua obra Geografia do Subdesenvolvimento. A partir desse fato teve início as primeiras propostas oriundas das idéias da Geografia crítica no Brasil. Nos anos 70, período no qual o país vivenciou uma ditadura militar, a Geografia e a História foram unificadas em uma única disciplina, denominada de Estudos Sociais. Essa iniciativa do Governo Militar visava coibir o surgimento de movimentos, apoiados na idéia de que a Geografia e a História figuravam como uma ameaça política.

No final da década de 70, em 1978, o maior geógrafo brasileiro, Milton Santos, lançou uma obra intitulada de Por uma Geografia Nova. Este trabalho despertava a importância da realização de estudos direcionados às relações sociais e seus problemas.
Doze anos mais tarde, após a publicação de uma pesquisa em que ficou comprovado o baixo nível de conhecimento acerca da Geografia, foi aberto no Brasil debates e discussões sobre as perspectivas da ciência para o século XXI, especialmente no processo de ensino-aprendizagem.

Em 1993, o núcleo de Pesquisa Sobre Espaço e Cultura da Universidade Estadual do Rio de Janeiro foi inaugurado. E por fim, uma das mudanças de maior relevância no Brasil aconteceu em 1998, com o lançamento oficial dos objetivos da Geografia, que afirma que os educandos necessitam conhecer e compreender as relações entre a sociedade e também a dinâmica da natureza e suas paisagens.

Milton Santos: Ícone da Geografia brasileira e mundial.


A Geografia é a ciência que estuda o espaço geográfico, isto é, aquele espaço o qual o ser humano transforma e se relaciona. Ela se preocupa também em estudar a relação entre as atividades humanas e o meio natural.
Ao longo de sua história, a Geografia dividiu-se em duas frentes principais, aquela que se preocupa em estudar o espaço em sua totalidade – também chamada de Geografia Geral – e aquela interessada em estudar os eventos particulares – conhecida por Geografia Regional.
Apesar de os mais diferentes autores dividirem a Geografia com base em outros critérios, a distinção acima é atualmente a mais aceita no meio acadêmico, de forma que as demais divisões estariam inseridas dentro dessa mais genérica. Assim, a Geografia Geral estaria subdividida em Geografia Humana e Geografia Física, enquanto a Regional, em tese, não entraria nessa divisão, pois ela teria o método de abordar os conhecimentos naturais e os humanos ao mesmo tempo. Observe o organograma a seguir:
Esquema com as principais áreas e subáreas da Geografia
Esquema com as principais áreas e subáreas da Geografia
Como podemos notar, existem subáreas tanto no aspecto humano da ciência geográfica quanto no aspecto físico. A seguir, tentaremos fazer uma breve explanação sobre cada uma dessas subáreas.
Geografia Urbana: estuda a formação e crescimento das cidades e aglomerações urbanas, em suas inter-relações hierárquicas e em rede.
Geografia Agrária: preocupa-se com a produção e a transformação, sejam através das práticas de uso do solo, sejam através das relações comerciais e sociais que interferem e modificam as relações entre campo e cidade.
Geoeconomia: estuda a produção do espaço causada por transformações econômicas, como a adoção de um modelo de desenvolvimento, a industrialização e outros processos.
Geografia Política: estuda as transformações políticas no espaço geográfico, tanto em âmbito nacional quanto em âmbito inter-regional.
Geografia Cultural: preocupa-se em identificar e compreender as práticas culturais, bem como a relação entre essas e o espaço geográfico.
Geografia da População ou Demografia: estuda a distribuição, crescimento e condições de vida das populações humanas.
Geomorfologia: é área da Geografia que estuda as formas de relevo e suas dinâmicas. É uma área interdisciplinar, sendo também uma filiação da Geologia.
Climatologia: estuda as transformações climáticas e seus impactos sobre o meio ao longo do tempo. Diferente da meteorologia, não se restringe a estudar somente o tempo, mas o clima como um todo.  
Biogeografia: é uma subárea da Geografia que se relaciona à Biologia. Estuda a distribuição e regionalização das formas de vida natural no espaço.
Hidrogeografia: estuda a dinâmica superficial das águas, procurando entender a sua distribuição, a dinâmica dos cursos d’água e as técnicas de aproveitamento e conservação dos recursos hídricos.
Geocartografia: é a área da Geografia tangente à Cartografia. Preocupa-se em produzir ou modificar mapas cartográficos a partir de estudos temáticos, geralmente vinculados a uma ou mais áreas acima mencionadas.
É válido, porém, ressaltar que podem existir outros ramos que a Geografia se preocupa em estudar, dependendo da abordagem do pesquisador, como as religiões, os movimentos sociais e muitos outros elementos. Além disso, muitas vezes, as áreas acima se correlacionam, sendo trabalhadas em conjunto. Na verdade, atualmente, existem constantes esforços em unir e atenuar as cisões causadas pelas constantes compartimentações e ramificações dos conhecimentos geográficos.




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